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Cultura

As engrenagens da Cultura, o movimento da criatividade

Por muito tempo, discutiu-se sobre o conceito de “indústria cultural”, promovido através dos trabalhos de Max Horkheimer e Theodor Adorno, que acreditavam que a Cultura estava à mercê da lógica capitalista de produção. Os autores, longe de qualquer equívoco, falavam a partir da reprodução em massa de produtos culturais para que fossem amplamente consumidos, sem qualquer tipo de apreciação estética e fruição dos elementos artísticos das obras. Ao submeter às “massas”, há um consumo desenfreado de produtos culturais, o que promove um processo de alienação. Afinal, ao consumir um produto já pronto, para quê pensar e refletir sobre seu processo de produção?

Porém, a Cultura é mais do que o mecanismo de reprodução de um ponto de vista dominante. Trata-se, como diz Clifford Geertz — um importante antropólogo, responsável por boa parte da leitura que conhecemos hoje na área cultural —, das “teias de significados que o homem teceu e às quais está preso” em “A interpretação das Culturas” (1973). Esses enlaces estabelecidos por meio das relações socialmente dispostas, se dá por meio de mediações. Tudo é capaz de nos unir e, consequentemente, faz com que consigamos nos mover. É assim que funciona a cultura: força movente que transforma a sociedade.

O que ambas as contribuições nos ajudam a perceber é que a Produção Cultural é feita de engrenagens repletas de produção de sentido. Cada parte funciona dentro de uma estrutura que configura toda a sociedade. Mas, perceba: não é que cada uma dependa da outra para seu pleno funcionamento. Elas estão interrelacionadas, dentro de “um sistema em que a base é a interlocução”. Essa citação é do livro “Método Burburinho de Produzir Cultura: 15 anos de Produção Cultural no Brasil”, escrito pela CEO da empresa, Priscila Seixas, e seu sócio e diretor de projetos, Thiago Ramires.

Quando pensamos no processo da Produção Cultural, não podemos deixar de lado que esse sistema criativo reúne inúmeras peças. A política é a base que reúne a maneira pela qual a Cultura será conduzida, através de objetivos que são delineados através de leis, planos e programas que irão nortear o fazer cultural. A ação implica na prática vinculada ao labor e transforma o que está no pensamento em realidade. E todo o movimento de transformação implica na construção de algo concreto, que é o produto.

Para além desse sistema, temos também os lugares que a Cultura ocupa. O poder público é onde as manifestações culturais ganham a possibilidade de se tornarem um projeto político estruturado para a garantia de sua repercussão. Através da produção de saberes e conhecimentos que são compartilhados em diversos espaços e chegam para sua ordenação dentro da universidade, espaço do compartilhamento do saber. Por fim, o mercado é o lugar onde são negociadas as formas de viabilização daquilo que um dia era apenas um projeto.

Os 17 anos de Burburinho Cultural são atravessados por esses cruzamentos. Nas encruzilhadas da vida e da sociedade, a Cultura aparece como a mola propulsora do desenvolvimento econômico, humano e social. Ela é capaz de unir e promover o movimento, através de sua capacidade inovadora, de vanguarda e, principalmente, criativa. A Burburinho Cultural acredita que é através do movimento tanto da tríade política–ação–produto, quanto do poder público–universidade–mercado, que é possível construir um novo modelo de negócios em que a Cultura é motor da produção da vida.

Autor: Pedro Henrique / Assessoria Científica

Publicado em 30/11/2023