Enquanto muitos trabalhadores de outras áreas estão finalizando suas ações e entrando em recesso, os fazedores de cultura espalhados pelo país estão aguardando resultados de editais e mensagens de patrocinadores para viabilizarem seus projetos. Isso não é diferente na Burburinho Cultural que, recentemente, soube da aprovação de mais três de seus projetos submetidos aos editais da Lei Paulo Gustavo.
A Lei Complementar nº 195/2022, popularmente conhecida como Lei Paulo Gustavo, foi criada para atender às demandas do setor cultural, um dos mais atingidos pelos efeitos da pandemia de Covid-19. Trata-se do maior investimento direto do setor em toda a história: um montante de R$ 3,8 bilhões de reais para execução de projetos culturais em todo o território brasileiro. Estados e municípios receberam recursos e distribuíram em várias modalidades, sejam editais, chamamentos públicos, prêmios, nos mais diversos setores da Cultura.
Por exemplo, no município de Duque de Caxias, será realizada a Festa das Iabás no ano de 2024. É um festejo que tem como objetivo celebrar as figuras femininas da mitologia afro-brasileira no tradicional Terreiro Santa Bárbara e Vovó Cambinda, em Saracuruna, e no Teatro Raul Cortez, no Centro. O Terreiro Santa Bárbara e Vovó Cambinda é um local que prega o amor e a caridade, responsável pela manutenção material e histórica da religião umbandista da região. A festa tem foco nos orixás africanos do panteão afro-brasileiro Oxum, Obá, Ewa, Nanã, Iansã e Iemanjá, especialmente. Serão dois dias de celebração à afro-brasilidade, com muita troca de conhecimento e de experiências sobre os povos de terreiro.
Já na esfera estadual do Rio de Janeiro, através da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro, dois blocos de carnaval de rua foram contemplados. Primeiro, vamos falar do Bloco Caçarola do Roliço. Ele foi fundado há mais de uma década, em 2003, e traz alegria e conhecimento através de suas ações no município de Vassouras, uma cidade com estreita ligação com o samba, uma vez que é um local tradicional. Lembremos que o Jongo saiu do Vale do Paraíba Fluminense, desceu a Serra na barriga e se fez samba nos Morros da capital. Além de muita diversão no Carnaval de Vassouras, através da Escolinha de Percussão do Caçarola, já foram formados mais de 200 ritmistas que hoje fazem parte de bandas, escolas de samba e outros empreendimentos culturais.
A capital também merece muita alegria e diversão, mas isso com um toque da nova geração do Carnaval carioca. O Bloco Vem Cá Minha Flor também foi contemplado com um dos editais da Lei Paulo Gustavo. Nascido em 2015, o Bloco Vem Cá Minha Flor já possui sua marca registrada: as flores que marcam uma poética com o seu público, majoritariamente formado por jovens e jovens adultos. A ideia de montar o bloco surgiu de uma conversa informal entre os amigos Edu Machado, Leo Santana e Marcelo Lima. Hoje, comporta mais de 100 músicos para alegrar o carnaval de rua carioca.
Como é possível perceber, todas as ações da Burburinho Cultural visam fruir a cultura, em suas diversas formas. Lembramos sempre de nossas raízes, das nossas afro-brasilidades. Buscamos entender a cultura de forma expandida, com foco na democratização e na descentralização, focando em impacto social. Graças a oportunidade do investimento realizado, vários profissionais da área cultural poderão se engajar em seus trabalhos e receber por isso. Afinal, a cultura é vida, é alegria, mas, acima de tudo, é motor: engrenagem capaz de gerar desenvolvimento social, humano e econômico. A espiritualidade e a religião fazem parte da construção de nós, enquanto seres humanos e precisamos celebrar os povos de terreiro. Os blocos do carnaval de rua são responsáveis por gerar empregos e girar a roda da economia. Aí está a importância da cultura como o movimento para o desenvolvimento.
Autor: Pedro Henrique
Publicado em 20/12/2023