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Cultura

Gerindo espaços culturais, transformando vidas locais: o caso CEAT

Quando falamos em gestão de espaços culturais, o que vem em mente? Em geral, acreditamos que um gestor de um espaço cultural deva cuidar dos aspectos ligados à infraestrutura local, segurança, acessibilidade e outros pontos que estão atrelados ao bom funcionamento desse lugar. De modo semelhante, questões estratégicas que exigem um bom planejamento, principalmente no que diz respeito às documentações e toda a operacionalização também são pensados de maneira mais espontânea. Porém, sobretudo quando falamos em espaços culturais, a gestão deve ser alinhada não só do espaço para dentro, mas, também, seus arredores e a população local.

Você já pensou o quanto uma estrutura complexa para a fruição da cultura pode mobilizar uma população e repensar a produção cultural de uma localidade? Em 2022, um de nossos projetos ganhou forma: a Casa Escola Arte Tecnologia ou, simplesmente, CEAT. O projeto tinha como objetivo oferecer um espaço com programação multidisciplinar após a realização de uma reforma para que as atividades acontecessem, uma vez que era necessário modificar estruturalmente o lugar para receber diferentes públicos que seriam atendidos em inúmeras ações. O projeto para a criação e revitalização desse espaço foi chamado de Energia para Transformar | CEAT, com o patrocínio da empresa de energia elétrica ENEL. O espaço escolhido é localizado na Avenida 22 de Maio, 3677, Sobreloja, Outeiro das Pedras, em Itaboraí, município do Rio de Janeiro.

Itaboraí significa “pedra bonita escondida na água”, conforme dito por Salvador de Mendonça (Fonte: Prefeitura de Itaboraí). Realmente, é um município cheio de riquezas escondidas, jóias raras que ainda não foram popularizadas. O setor cultural na região metropolitana do estado do Rio de Janeiro sempre foi muito efervescente. Mas, como em boa parte das regiões afastadas dos grandes centros, havia necessidade de um local para a realização de eventos culturais. Era necessário pensar em meios para conseguir mobilizar a população local a participar efetivamente de um projeto “vindo de fora”, proposto por pessoas que não moravam na região.

Nós, da Burburinho, acreditamos que é através de uma escuta ativa e por meio da valorização dos profissionais locais que conseguimos propor uma efetiva mudança. Ainda que responsáveis pela idealização do espaço, uma equipe local foi formada para gerir efetivamente o CEAT. Por meio de cada um de nossos colaboradores, foi e é possível construir um espaço efetivamente plural e que permite a fruição artística, cultural e de capacitação para tantas pessoas.

O CEAT funciona em ciclos de 18 semanas de atividades. Em cada ciclo, é feito um levantamento de atividades realizadas. Durante todo o período, são gerados relatórios — geralmente sob os cuidados ou de quem realiza a atividade ou da produção local — que servem como uma bússola para saber como andam ações por lá. Através desse acompanhamento, é possível pensar em estratégias que auxiliem na mobilização do público e criar diagnósticos sobre as preferências de atividades e cursos da localidade.

Para realizar uma boa gestão, não basta só pensar na eficiência e nos números, mas na qualidade do serviço prestado. Os números vão aparecer com a continuidade das ações. As atividades em nosso 4º ciclo (Junho/23 até Outubro/23) tiveram mais de 2.500 beneficiados. Encerrando com uma confraternização de 2 anos do espaço, o projeto Energia para Transformar | CEAT contou com cursos de capacitação, reuniões, eventos institucionais, eventos celebrando dias especiais, contação de histórias e cineclubes. Enfim, inúmeras atividades que proporcionaram novas experiências para a população de Itaboraí. É assim que podemos transformar vidas, através da cultura e da participação local na construção dos espaços de fruição cultural.

Autor: Pedro Henrique

Publicado em 14/12/2023